quinta-feira, 23 de julho de 2009

Bagé mexeu demais

O árbitro errou não marcar a mão do jogador do Cerâmica no primeiro gol da equipe de Gravataí, é verdade. Mas pelo que observei, o fracasso de ontem não se explica somente pela arbitragem. Há muitas outras coisas.
Bagé mexeu demais na equipe. A “cirurgia” mais profunda ocorreu na defesa, sacando Jovany e Vagson e colocando Pansera e Xavier. Ambos com recursos para ali jogar, certo, mas nunca antes atuaram juntos no setor neste ano. Uma defesa desentrosada. No intervalo, Bagé observava que Pansera, que deveria atuar atrás de Alexandre e Xavier, estava à frente deles. Nesse ínterim, dois gols. Havia razão médica para que Jovany e Vagson fossem barrados?
Também se mexeu no meio. Se o objetivo era ganhar mobilidade, Marcelo Müller revelou-se um grande acerto. Mas para um time que precisava vencer, estranhei a saída de Júnior Negrão e a entrada de Maurício Oliveira, que não começava uma partida para valer desde maio. Negrão não era o meio-campista habilidoso que se poderia esperar porque nunca foi isso. Mas como um volante que sai para o jogo, conduz a bola, é melhor do que o Maurício. Este poderia jogar se o Glória precisasse de um empate. Não de uma vitória.
Por fim, no ataque, saiu Roberto Jacaré para a entrada de Dudu II. Sempre ouvi que este era um atacante de referência, não de flanco. Em minha opinião, seu ingresso forçou Giancarlo a atuar longe da área, buscando o jogo. Dudu II marcou o primeiro gol, mas pelas informações que recebi, Jacaré, caindo pelos lados, daria maior equilíbrio na frente.
Enfim, o técnico tentou. No geral, fez um bom trabalho, os números o comprovam. A profunda mudança a que procedeu talvez tenha sido a tentativa desesperada de fazer o time recuperar o futebol que ganhou o respeito de todos nesta Segundona. Se o fez com essa intenção, por tudo o que a equipe apresentou neste ano – e era ele quem treinava, lembram? – merece nossa compreensão. Para a tristeza de todos, fracassou.

Marcelo Müller, o melhor em campo

Na tentativa de dar mais mobilidade ao meio-campo gloriano, Bagé deslocou Marcelo Müller da ala-esquerda para o setor. E ele não decepcionou: foi o melhor do time, armando, distribuindo a bola, chegando à frente, além das costumeiras cobranças de escanteios e de faltas. O gol que marcou foi o prêmio para sua atuação. Pena que isso acabou não sendo o suficiente para manter o Glória vivo.

De novo o Ivan Lins...

Na terça, escrevi que o Ivan Lins tinha a música perfeita para o momento do time: Desesperar jamais. Depois do fracasso de ontem, creio que ele tem outra música para todos aqueles que gostam do Glória: "Começar de novo, e contar comigo/ Vai valer a pena ter amanhecido...".