O porquê da “Avenida Militar”

Acredito ser o introdutor do termo “Avenida Militar” no vocabulário do Glória. Nunca vi alguém utilizá-lo antes de mim, ao menos. Fiz isso porque sempre gostei daqueles alçapões cariocas que ostentam o nome das ruas que os abrigam, a despeito dos nomes oficiais (Bariri, Conselheiro Galvão). Pesquisei e constatei que poucas cidades no Brasil têm um logradouro com esse nome. Um diferencial e tanto, e assim passei a chamar a casa do Leão.

De certa forma, sou sentimentalmente ligado de ponta a ponta à Militar. Estudei no Pacífico (quando ainda havia um portão de acesso à rua, hoje murado, e por onde saía para, muitas vezes, apedrejar os vidros do moinho desativado), ia com meu tio e meu irmão comer xis no drive-in Ki-Kão, divertia-me com o Angelito (trovador nato, e que sempre me emprestava o Manual do Zé Carioca), cortava meu cabelo no salão do Leriano, comprava querosene no Posto São Pedro. E ia ao estádio do número 5.010 torcer pelo seu time.

Não é, sei, o lugar mais aprazível da cidade. Mas sempre que penso em Vacaria, uma das primeiras imagens que vêm à cabeça é a daquela avenida. Com seu discreto obelisco, seus caminhões, seus postos tão tradicionais, seus botecos e armazéns. E com aquele asfalto, aparentemente tão estéril, mas que liga meu coração a um dos meus maiores afetos. O Glória, claro.