No próximo dia 26, completam-se
dez anos da morte de Luiz Carlos Gasperin. O ex-goleiro acabou vencido por um
câncer no sistema digestivo aos 57 anos, boa parte deles dedicados ao futebol. Com
passagens por grandes clubes, como Grêmio, Internacional e Cruzeiro, foi,
contudo, no Glória que sua trajetória no esporte adquiriu um significado
especial.
No começo de 1988, Gasperin,
consagrado por uma carreira vitoriosa, aceitou com humildade o convite do Leão
da Serra para defendê-lo na Segundona. Mais do que a solução para uma posição
em que o clube vinha tendo problemas nos anos anteriores, sua chegada ao Altos
representou a qualidade e a experiência – nacional e internacional – que o time
não possuía. Com ele e seu discreto carisma no gol, a equipe adquiriu a
confiança necessária para crescer e vencer uma competição desgastante em todos
os aspectos.
Era o retorno triunfal à
mesma Vacaria onde havia crescido e iniciado a carreira, ainda como amador, no
Brasil. E com que profissionalismo Gasperin se dedicou ao objetivo! A prova
está no vídeo da partida contra o Ypiranga, que selou o título da Divisão Especial:
ao final do jogo, com a vitória já garantida, o veterano goleiro foi capaz de
defender um pênalti e, com arrojo de principiante, impedir o gol no rebote! Por
essas e outras, foi carregado em triunfo pela torcida após o apito final, em
uma das mais belas imagens da iconografia gloriana.
Depois de ajudar o Glória
na histórica campanha no Gauchão de 1989 (4º lugar), Gasperin pendurou as
chuteiras. Foi secretário de Cultura e Desportos do município, mas não ficou
longe do futebol por muito tempo: voltou como técnico, tendo treinado o Leão em
três ocasiões (1991, 1994 e 2003). Também se dedicou ao comércio, mantendo uma
papelaria na Curitiba que escolheu para morar e onde, por fim, faleceu.
O aniversário da morte do
grande goleiro remete-nos a sublimes momentos. A evocação de seu nome nos leva
a um tempo feliz, em que absolutamente tudo parecia estar ao alcance do Glória,
e quando era difícil encontrar um torcedor mais orgulhoso do que o vacariense.
Devemos muito disso a Gasperin: atleta, treinador, homem público, empreendedor,
pai de família. Um homem de bem. No duro campeonato que é a vida, não há título
maior do que ser reconhecido como tal.