Quando o jogo número 1000 surgiu no horizonte das estatísticas, temia que sua importância se dissolvesse em um jogo qualquer da Segundona. Acabou que a milésima partida foi mesmo pela Divisão de Acesso, porém longe de ser uma “qualquer”: uma partida decisiva, de vida ou morte, que pela coincidência parecia feita para a consagração gloriana, mas que infelizmente não teve o desfecho esperado por todos nós. Agora, passado o momento mais agudo da decepção, a coisa ganha outra perspectiva. E a gente deixa de lamentar a derrota e passa a focar no caminho que nos levou a esse momento. Mil jogos! Será que aquele pessoal que entrou em campo para enfrentar o Mundo Novo (quem?), em 1976, vislumbrava uma história que tão longeva assim?
Não tive a felicidade de acompanhar toda essa
trajetória. E só eu sei como sinto não ter visto Ferreira, o herói dos heroicos
primeiros anos de profissionalismo. Mas tive a graça e a felicidade de testemunhar
o carisma e as defesas de Gasperin, o talento ascendente de Edmundo, a energia
de zagueiros como Juarez e Marcelo Bolacha, a raça de Xavier, os gols de Zé
Cláudio, Sotilli e Alê Menezes, apenas alguns dos mais de 700 atletas que vestiram
a camisa do Leão da Serra nessas quatro décadas.
Mas qualquer visão sobre esses mil jogos estaria
incompleta se confinada às quatro linhas. Porque não deixei de observar à beira
do gramado técnicos como o grande Daltro Menezes, comandante daquele
inesquecível time de 1989 – e lá se vão 30 anos! –, quando tudo, absolutamente
tudo parecia possível para o Glória! Dos dirigentes, impossível não ver e
admirar a abnegação de um Eugênio Marques, a determinação de um Francisco
Schio, a paixão de um Décio Camargo.
Vi – “ouvir” talvez fosse o verbo mais preciso –
narradores como Francisco Appio e Paulo Silva, “enxergando” o jogo por meio
deles sempre que o Leão estava longe de nós, ou nós dele. Nas arquibancas, vi
torcidas como a TOG, a Alma Independente e a Ultras, e torcedores como
Alexandre Borges de Souza, Bito Rigon e Fábio Martins, para citar apenas alguns
– e como gostaria de citar a todos! – que conheci pessoal ou virtualmente, cada
um torcendo à sua maneira, mas com o coração repleto desse afeto em azul e
branco que preenche nossos corações.
É... Em mil jogos, pode-se ver muita coisa. Mas, por
mais que se tente, não se vê tudo. E fica uma saudade danada de tudo o que escapou
aos nossos olhos, e de todos os lances que a gente juraria ter visto com esses
que a terra há de comer! Mas tudo bem: essa história vai continuar, e novas desenrolar-se-ão
(com licença, presidente Temer) diante de nossas vistas. Afinal, quando o
assunto é Glória, definitivamente a gente não cansa de ver!
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